Por que mudou de denominação?

Almiro Vinhais foi um médico humanitário e popular, com destacada atuação em Ilhéus no século passado. Profissional conceituado, atendia e ajudava as famílias mais necessitadas.

Sua atuação, com um forte caráter social, lhe rendeu algumas homenagens públicas. Dentre elas, a denominação de uma das Unidades Básicas de Saúde mais antigas da cidade, localizada na Avenida Princesa Isabel. 

Durante décadas, o Posto Almiro Vinhais abrigou a saúde pública de Ilhéus com eficiência e excelência. Nos últimos anos foi abandonado até chegar à triste condição de ruína.

Agora em 2019, o espaço foi, finalmente, recuperado. Diríamos mais: reconstruído. E reinaugurado com pompa.

Mas se "passou batido" para a grande maioria, para nós um fato chamou a atenção na fachada do prédio reconstruído: a silenciosa mudança de denominação da UB.

É preciso lembrar às autoridades municipais que preservar a história é perpetuar valores.

Não que o substituto, o também médico Joaquim Sampaio, não mereça a grandeza desta homenagem.

Diríamos que a mereça mais por sua atuação profissional, pela qualidade do médico que era, do que pelo fato de, na sua biografia, constar a sua proximidade familiar com o atual secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas Boas. 

Como diz um velho adágio popular, "não dá para descobrir um santo para cobrir um outro."

Talvez fizesse muito mais sentido ao invés de apagar do nada a homenagem a uma personalidade importante da nossa história já tão consolidada na percepção popular, que fosse, por exemplo, feita a justa homenagem ao médico Joaquim Sampaio, denominando a nova Unidade Básica de Saúde da Avenida Esperança, inaugurada semanas depois, prédio que ainda não tem nomenclatura e não homenageia nenhuma personalidade da história de Ilhéus. 

Com esta medida, ao invés de apagarmos uma, afirmaríamos duas pessoas que muito contribuíram com a cidade. 

Em tempo: a medida adotada pela gestão municipal não é ilegal. Por decreto, a autoridade municipal pode fazer trocas de nomes em próprios (prédios) públicos sem precisar do aval de absolutamente ninguém.

Somente denominação de ruas e logradouros municipais é que se torna legalmente necessário passar pela análise e aprovação da Câmara Municipal.

Sim, não é ilegal, repetimos. Mas nos parece, no mínimo, injusto com a história nos obrigar a esquecer alguém que um dia foi importante para a nossa gente, usando o critério de suas preferências pessoais ou dos seus interesses políticos.

Isso é pequeno.